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Sangue LEONINO

sábado, março 22, 2008

Para ganhar só falta mesmo jogar

Chegou a ser ridícula a tentativa de desvalorização da competição que logo queremos ganhar, só porque o slb e fcp não conseguiram fazer tão bem como nós. Mas nós felizmente não embarcamos nesse logro porque, além de obviamente querermos ganhar as provas em que nos inscrevemos, valorizamos o prestígio que é ver o nome do nosso clube antes de qualquer outro na lista de vencedores.

Embora como desportista admita outra possibilidade, o único lugar que nos convém é mesmo o 1º. Pelo prestigio e pelo alavancar psicológico que este troféu pode significar para o resto da época. A derrota é dispensável pelas razões inversas, obviamente. Mas, como em futebol, quando uma equipa sobe ao campo tem que lutar pelo melhor resultado, mesmo que este depois não se concretize, eu espero que os 11 de hoje percebam a transcendência do momento, sintam a camisola que envergam, entregando-se por completo. Se assim o fizerem estarão mais perto de ganhar e serão merecedores do nosso respeito e aplauso. Pelo menos do meu.

Embora prestigiante, esta possível vitória ante vitorianos não poderá ser entendida como tábua de salvação da época. Tenho ouvido e lido muitos comentários a este propósito e ainda os acho mais ridículos do que a ideia de que ganhar esta competição quase nada vale. Como ponto negativo da nossa época estão o sofrível 4 lugar no campeonato, as exibições medonhas que temos realizado de tempos a tempos, a desvantagem para o apuramento para a Champions, e, o pior dos piores, a enorme distância para o líder do Campeonato, posição que, por natureza e condição, devemos sempre buscar. Nas restantes competições em que nos envolvemos saímos com naturalidade da Champions ante ManUnited e Roma, que “apenas” estão nos quartos-de-final da competição e estão a fazer bons campeonatos nos seus países. Estamos nos quartos-de-final da UEFA, com legitimas aspirações de passar ao número exclusivo das últimas 4 equipas na competição. Estamos na meia-final da Taça de Portugal, com as mesmas ou até mais reforçadas ambições de voltar ao Jamor, até porque somos o titular do troféu. Salvar a época nesta altura, com tanta coisa ainda para ganhar?

O facto de não termos conseguido ganhar este ano ao Vitória funciona a nosso favor. Um jogador do SCP não pode deixar de sentir o orgulho ferido por ver colegas de profissão menos cotados e de um clube com menos condições para ganhar, levar-lhe a melhor consecutivamente. Parece-me que, quer para técnicos ou jogadores, não há, neste momento, razões para invocação de álibis, surpresas ou condicionantes para esta final. Hoje faremos o 4º jogo com este adversário. Não podemos, por isso, ignorar o que o adversário é capaz. Tivemos oportunidade de gizar a melhor das estratégias para finalmente ganhar.

É, no entanto, por razões óbvias, um acto de inteligência que técnicos e jogadores do SCP, afastem qualquer ideia de vingança ou desforra, bem como qualquer sentimento de inferioridade, pelo facto de não termos conseguido ainda derrotar o Vitória, disputados que estão 3 jogos entre nós. Logo, quando entrarem em campo, apenas contará a atitude, empenhamento e concentração com que encararem o jogo. A história recente ou há muito ida, os orçamentos, as diferenças de planteis, estarão fora das parcelas decisivas neste somatório, como normalmente acontece nas finais.

Uma palavra para o nosso adversário. Antes de mais tem um dos mais interessantes treinadores nacionais. Treinando apenas equipas pequenas vai fazer a sua 3ª final e, por isso, esperamos que o ditado não prevaleça desta vez. Facto curioso este de as suas 3 finais acontecerem sempre connosco. As suas equipas jogam bom futebol e é um dos poucos que se lê e ouve com agrado. Não me lembro de Carvalhal descair para atitudes menos elevadas. Depois temos uma das equipas mais sagazes do nosso burgo, reflectindo na perfeição a imagem do seu treinador. Em campo comportam-se como “partizans”: assumem com humildade as suas limitações, sabem sofrer, mas, quando atacam, normalmente provocam danos, ferindo o adversário ou eliminando-o sem apelo. Finalmente o clube. Só ouvimos a estridência das dificuldades financeiras do Vitória, quando normalmente se ignora que esta é a 3ª final do clube nos últimos tempos, tendo, numa delas, ganho a Taça de Portugal aos do aviário colombino. O Vitória, à sua dimensão, vive um momento da sua história muito parecido com o nosso: apesar das dificuldades, têm feito o que muitos, com meios infinitamente mais abundantes, não logram alcançar.

Por último a arbitragem. Em teoria espero sempre erros porque a missão é difícil. Na prática suspeito sempre quando começo a sentir que aqueles prejudicam sempre a mesma equipa, sejam eles falta consecutivas a meio-campo, negligências disciplinares grosseiras ou até factos mais graves como penaltys ou golos que não deviam ser ou o inverso. Foi o que aconteceu com Paraty: uma verdadeira provocação a sua nomeação e uma imundice a sua arbitragem. Devo dizer que acho Pedro Proença melhor. Mas também é verdade que do Conselho de Arbitragem, aos auxiliares, passando pelos observadores, há muito pau-mandado, muitos afilhados comprometidos e sobretudo, pouca qualidade. Não sei se o Vitória recorrerá ao jogo de bastidores. Não creio. Mas sei que há muitos adversários nossos, com quem não jogamos hoje, que nos gostariam de ver perder.

verdão

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