Miguel Veloso

Todos os dias surge mais um clube “”interessado” em Veloso mas nenhum pôs em cima da mesa um cheque no valor de 30 milhões de €. Estou convencido que a maior parte das noticias vindas a lume mais não são do que fait-divers. Porque a cláusula de rescisão é de um valor quase proibitivo para a posição em que actua, onde não faltam no mercado jogadores mais baratos e nem por isso menos interessantes.

O negócio hoje era a troca com Tiago mais 15 milhões. Não me parece que seja um negócio muito viável. Tiago ganha uma verdadeira exorbitância para os nossos cofres, não tem a polivalência de Veloso e nem faz a mesma posição que ele. Pode a vontade dos juventinos em se verem livres de um flop ser uma janela de oportunidade para consumar o negócio, mas, vinco a minha opinião, ficaríamos a perder. Mesmo considerando que Tiago é um bom jogador. Acontece que uma das razões apontadas para o seu fracasso em Turim ser precisamente o facto de a “vecchia signora” jogar em 4*4*2, muito diferente do 4*3*3 em Tiago se notabilizou em Lion. É preciso dizer mais? E Veloso é um grande jogador que, além da qualidade, acumula o facto de ser um jogador bandeira da nossa formação: foi dispensado por um nosso rival, por não acreditarem nas suas qualidades nem nos seus genes.

E Veloso, o que pensará de tudo isto? Obviamente não é preciso esgotar muito os neurónios para imaginar que a situação lhe agradaria. O mesmo se fosse o Arsenal, ou o Milan, ou, ou… A pressa de sair, que é comum a Moutinho, - embora este tenha, de forma inteligente, delegado no pai a expressão dessa vontade – não nos deveria surpreender.

Eu, como sportinguista, gostaria que ambos se referissem ao clube de forma a expressar gratidão, desde que fosse seja genuína. Mas não me surpreende que se queiram pôr a milhas deste futebol pequenino, onde grassa o tráfico de influências, a corrupção e mesquinhez ao nível do dirigismo. Ou a falta de competitividade entre equipas e a falta de qualidade técnica de grande parte dos jogadores e treinadores, que lhes tolhe os horizontes. Ambos sentem o receio de que o prolongamento deste seu estágio luso lhes limite a progressão e acabe por significar a estagnação e o esquecimento. Podemos censurá-los?

Tenho notado um certo azedume nos comentários feitos na blogosfera sobre Veloso, motivados em grande parte pelas constantes noticias sobre a sua saída e, sobretudo, pela má gestão que o nosso 24 tem feito do seu discurso. Tudo agravado por uma época pouco conseguida, tendo em conta as promessas que o seu futebol havia deixado anteriormente. Espero que, caso ele fique, não o tornem num novo Farnerud. Seria um erro crasso.

Estou convencido que só se perceberá bem a dimensão do seu futebol e da sua importância no esquema de Paulo Bento quando ele faltar. E que a sua saída não será fácil de colmatar.

P.S.- Os nossos vizinhos acabaram de vencer o Euro. E, quando os via jogar, pensava com os meus botões: o “viejo” percebeu que a qualidade no futebol vem das coisas simples, mais simples que os passes de rotura, as transições defensivas ou ofensivas, as diagonais ou as basculações. “Bastou-lhe” pôr os jogadores nas suas posições e deixá-los fazer o que bem sabem: jogar futebol. Ah! E sendo mais pequeninos do que nós chegaram para os alemães. Podíamos ter feito tanto como eles, pois podíamos. Sim, claro que podíamos ter ganho.

verdão