A gota de água...

Apoiei José Eduardo Bettencourt no último acto eleitoral, aqui escrevi na altura que o considerava o candidato ideal e que muito esperava dele.

Tinha a ideia que Bettencourt aliaria a uma capacidade de gestão - derivada da sua experiência no mundo das empresas - uma forte sensibilidade para o fenómeno futebolístico e a vivência de bancada, algo que claramente faltava ao elitismo emproado de Filipe Soares Franco.

Não vi com bons olhos a contratação de Paulo Sérgio, mas dei-lhe o benefício da dúvida, já que à partida ninguém poderia ser avaliado, ansiei pela vinda de Manuel José, sem dúvida, torci o nariz à nomeação de Costinha para director-desportivo, não por duvidar do seu sportinguismo, que há muitos anos sei ser genuíno, mas porque ainda não tinha - nem tem - a tarimba e a experiência para exercer tão importante cargo.

Várias vezes defendi na blogosfera ao longo de um ano e tal Bettencourt, fui alvo de insultos, apelidaram-me de lambe-botas e de tachista, eu que nunca tive qualquer cargo no clube - nem quero ter - já que apenas ambiciono continuar a ser um acérrimo militante de bancada, com quotas em dia e gamebox adquirida todos os anos. Só que desta vez a paciência esgotou-se.

E esgotou-se, não porque me reveja no tom de oposição daquela maioria que na blogosfera se assume e que desde a primeira hora não perde uma oportunidade a cada desaire desportivo para destilar o seu fel, mas esgotou-se porque sinto que aquele Sporting pelo qual me perdi de amores há quase 4 décadas está claramente em vias de extinção.

Reitero que há muito me desagradam certas decisões e afirmações, aliadas a incompreensíveis opções desportivas, mas tenho-me mantido no meu canto, dando sempre crédito aos actuais corpos sociais, não contribuindo com mais gasolina para a fogueira de desestabilização em que o nosso clube permanentemente vive.

Não sou maniqueísta pelo que também me enojam e merecem o meu absoluto desprezo todos aqueles que vivem e se alimentam alarvemente de um permanente clima de conspiração e que dão 'uma no cravo e outra na ferradura' - como é o caso dos acólitos desse personagem Rogério Alves - alguém pelo qual há muito nutro uma profunda antipatia e uma total desconfiança das suas reais intenções e ambições. Não me revejo também em movimentos saudosistas inspirados em apelidos ou hereditariedades.

Apenas quero o meu Sporting de volta - sem que se corra o risco de embarcar em aventureirismos fáceis, oportunistas e suicidários - porque seguindo o rumo actual - se é que existe um - receio seriamente que se aliene e hipoteque definitivamente a grandeza e o futuro desta maravilhosa Instituição.

No sábado passado foi para mim a gota de água já que pela primeira em quase 40 anos de um sportinguismo vivido com extrema paixão e emoção, vivenciei nas bancadas de Alvalade - em pleno clássico com um ainda suposto rival directo - um clima de apatia, amorfismo, um estranho comodismo e uma inaceitável satisfação pelo simples facto de não se ter perdido um jogo frente ao FC Porto. Este não é o meu Sporting!

Juntando a isso a clara diferença de tratamento dada às claques, onde a portista fez o que muito bem entendeu, e ainda a presença de um sinistro personagem na nossa tribuna de honra, em estranhas convivências, assumo hoje e aqui que para mim o copo transbordou!

Nuno M. Almeida

(antes que algumas más línguas venham com insinuações bacocas e infundadas, ao contrário de outros ilustres sportinguistas não assumo este descontentamento por não ser convidado para a tribuna, até porque sou um mero e anónimo adepto e sócio de bancada... para além de não gostar por aí além de croquetes. Sou apenas mais um de muitos 'plebeus' leoninos. Já agora a quem acusa a blogosfera leonina de ser anónima: Nuno Moreira de Almeida, sócio 12.908, lugar de época no sector A20)