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Sangue LEONINO

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Como chegamos aqui

A tão propalada crise em que vive o nosso clube tem levado muita gente, sportinguistas e outros, a dissertar sobre a sua origem e a apontar uns como réus e outro como vitimas. Por isso decidi fazer eu a minha reflexão socorrendo-me de algumas coisas que fui escrevendo desde o início de época. Parece-me que chegamos a este ponto fruto de alguma incompetência, ingenuidade e até algum deslumbramento provocado pelos bons resultados do ano passado (Taça e 2º lugar a Bwin Liga), a que se somaram os habituais imponderáveis do futebol. As decisões, boas e más, foram tomadas por uns e ratificadas por outros, numa cadeia de comando bem definida. Não me parece que de Paulo Bento a FSF, passando por CFreitas e Ribeiro Telles, alguém possa sair sem mácula. Agrada-me no entanto verificar que, neste momento difícil para todos, não tenha havido cisões ou fugas à responsabilidade. Resta esperar que, com frieza e discernimento, as soluções sejam encontradas. Até porque, analisando com frieza, não podemos afirmar que tudo está mal. Momentos como os vividos no jogo com o Leiria demonstram, acima de tudo, que esta é uma crise de confiança.

Deixo à vossa consideração aqueles que parecem os momentos e os erros que me parecem terem concorrido para chegarmos onde estamos:

Erros cometidos no final da época passada que impediram uma linha de continuidade com o nível então alcançado:

1- Ingenuidade / incompetência na renovação de Tello. Apesar de ser um jogador malquisto por muitos sectores, era um jogador capaz de fazer várias funções na equipa e que atingiu um nível de maturidade que só nos podia ser útil.

2- A saída, mais ou menos inevitável, de Caneira não foi devidamente acautelada. Pela sua polivalência e sobretudo pelo seu peso no plantel, foi, provavelmente, a maior perda.

3- Alecsandro, o 2º melhor marcador da equipa mas o 3º em tempo de utilização, foi preterido depois de ter passado o ano de adaptação, normalmente o mais difícil. Aqui, nos pontas-de-lança, temos assistidos a uma degradação de qualidade. Deivid era melhor que Alecsandro e este melhor que Purovic. Quem virá a seguir?

Erros cometidos no defeso e pré-época:

1- Chegada dos jogadores (reforços incluídos) a conta-gotas. PBento chegou a treinar com apenas 14 jogadores. Num plantel com um elevado número de novos jogadores e jovens, pode ter sido um factor decisivo para um começar tão titubeante.

2- Número escasso de jogos de preparação e com um nível de exigência mal adequado aos desafios futuros.

3- Deslumbramento e ou má avaliação do plantel, sobretudo quanto à qualidade, mas também quanto ao número, a somar a vários equívocos. Exemplos:

a. Aposta em contratações de risco. Gladstone, Izmailov eVukcevic não eram jogadores titulares, pese o reconhecimento das suas capacidades.

b. Não há um verdadeiro médio-esquerdo, quando o plantel deveria ter 2.

c. Para que precisamos de Purovic se jogamos sem extremos?

d. Paulo Renato não deveria continuar a rodar uma equipa em vez de o fazer entre a bancada e os treinos?

e. Se Carlos Martins, que sempre produziu pouco e de forma inconstante, foi dispensado, porque não aconteceu o mesmo com Paredes, Farnerud, Ronny p.ex.?

f. Formação de um plantel com poucas referências e acéfalo, sem lideres.

Erros cometidos no decurso da presente época:

1- Má gestão dos recursos disponíveis. Exemplos:

a. Crer em demasia na capacidade de adaptação de jovens oriundos de futebóis tão dispares como o Brasil, Montenegro e Rússia.

b. O famoso recuo de Veloso, em vez da utilização de Gladstone. Perdemos fulgor e organização no centro do terreno e pusemos em causa o valor de um elemento.

c. A constante mutação de posições de Moutinho e a sua sobre-utilização. Por muito que se lhe reconheça qualidades, não é uma máquina e perde-se nestas mudanças.

d. Insistir em Djaló, sem resultados.

e. Inflexibilidade táctica. Este 4X4X2 emperra demasiadas vezes e não se usam outras possibilidades como o 4X2X3X1 ou 4X3X3X3.

f. As birras com Stojkovic.

Dito isto parece-me que também é chegado o momento de levantar a cabeça e olhar em frente. Os exercícios de auto-flagelação, a auto-comiseração constituem um espectáculo que agrada sobretudo aos nossos adversários. Ir ao mercado é obrigatório, mas não pode ser uma medida avulsa nem acto de menorização ou desvalorização dos que estão. Comparecer em massa no próximo jogo e apoiar a equipa pode muito bem ser a primeira dose do remédio que a equipa precisa.

verdão

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