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Sangue LEONINO

terça-feira, janeiro 08, 2008

Há vida para além do défice



No programa Trio D'Ataque desta noite, foi uma vez mais Rui Moreira - pese embora ser portista, mas ninguém é perfeito - que com toda a lucidez sintetizou o grande problema com que o Sporting se debate. Lembrou, e bem, alguém que um dia disse "haver mais vida para além do défice".
O Sporting está de tal forma encurralado pelo seu passivo e carrega um peso tão grande com o serviço da dívida (a BCP e BES), que a cada dia que passa se estrangula mais e tudo submete a essa questão financeira.

O problema é que havendo um foco excessivo no cumprimento das obrigações perante a banca (escandalizem-se os puritanos!), pouco ou nenhum espaço é deixado para investir numa equipa competitiva que ganhe coisas importantes, que motive e angarie adeptos e que consiga assim gerar mais receitas. Que dê força à marca Sporting.

Se alguns julgam que é apenas com Pereirinha's, Had's, Pedro's Silva, Celsinho's, Gladstone's, Rui's Patrício's, e uns quantos mais, que chegamos aos grandes triunfos desportivos, estão redondamente enganados. Ou então acreditam em milagres.

Tanto se submete o clube a uma dieta de rigor para pagar as suas dívidas que quando estas estiverem amortizadas (se algum dia estiverem) já a instituição caiu numa inexorável anorexia. Alguns pensam que é conquistando uma taça da liga, uma taça de Portugal ou indo esporadicamente à Liga dos Campeões que voltamos a um patamar superior. Puro engano!

Dou um exemplo: uma família (pais e dois filhos) de classe média tem um empréstimo para pagar a casa (um T3-> 3 quartos e uma sala) e um empréstimo para pagar o monovolume Chrysler (passe a publicidade) no qual se deslocam. Pois bem, é o preço do petróleo, é a economia, mas a verdade é que as taxas de juro sobem em flecha. De repente, essa família que até aí vivia desafogadamente, mesmo tendo dois empréstimos para pagar, vê-se com a corda na garganta já que o espaço entre rendimento e despesas estreitou, e muito. E ainda por cima pouco dinheiro têm agora para pagar os estudos dos filhos.

Que podem eles fazer?

1. Vender o apartamento T3 e irem viver para um mais barato T2 (pondo os dois filhos num quarto).
2. Vender o dispendioso monovolume que implica elevados gastos mensais com combustível e uma pesada renda a pagar ao banco, passando a deslocar-se de transportes públicos; ou então comprar uma viatura mais barata e económica do ponto de vista do consumo de combustível.

Se mesmo assim a margem de manobra continua a ser pequena, no sentido de terem uma vida descansada, só lhes resta uma solução: aproveitarem o fenómeno "concorrência" e irem bater à porta do banco credor das suas dívidas, renegociando os empréstimos (eventualmente juntarem todos os empréstimos em apenas um, procurar alargar o prazo de pagamento para não terem prestações mensais tão elevadas no curto-prazo ou negociar com outro banco melhores condições).

Conseguido isto, deve essa família procurar actuar sobre o lado do rendimento familiar: procurar um emprego com melhores salários ou exigir aos filhos bom desempenho escolar, por forma a tirarem os seus cursos, visando uma boa integração no mercado de emprego, preparando-se assim essa família - do lado da receita - para o embate de longo prazo que vão ter a nível dos encargos. É um facto que a eles não podem fugir (apenas os chutaram para o futuro) mas no imediato ficam com mais margem de manobra para apoiarem os filhos nas suas carreiras escolares e fazerem uma gestão mais racional do orçamento familiar, o que não implica passarem fome.

O Sporting já vendeu a casa (património não desportivo), já vendeu o carro dispendioso (Nani, Quaresma, Ronaldo,...), logo resta-lhe o quê?

Em suma: como Rui Moreira defendeu - e bem - só nos resta exigir uma liderança forte no nosso clube e que seja capaz de ir ter com a banca, por forma a renegociar a dívida, objectiva e cabalmente demonstrando que nos moldes actuais dificilmente conseguirá cumprir com todas as suas obrigações. E qual é o banco que tem interesse em esmiuçar tanto os seus devedores para que estes cheguem a um ponto no qual não possam pagar mais? Que banco ganha com uma situação dessas? Nenhum!

Por último, relembro uma opinião que o Dr. Rui Moreira, enquanto economista, simpaticamente me transmitiu em Março de 2006, altura em que se debatia a venda de património não desportivo:

"A venda de património é um acto único, irrepetível. Resulta numa transformação de activos, numa mais valia certamente neste caso, que melhora os rácios de liquidez.
Mas, a verdade é que representa também um sacrifício nas receitas. Resta saber quanto desse património está já onerado ou hipotecado e qual o saldo real em termos de liquidez, se a redução de receitas é compensada por uma redução nos custos de financiamento.

Por tudo isso, parece-me que devem ser ouvidos os argumentos favoráveis e desfavoráveis. Que a administração deve fazer uma apresentação lúcida dos dois cenários.

Se a Assembleia Geral optar por vender os "anéis", é indispensável que haja um projecto de longo prazo que estabilize as finanças do clube mas também a questão económica.

O SCP não pode deixar de fazer mais em termos de utilização da sua marca. A criação de serviços conexos é um método, a emissão de um cartão semelhante ao que o SLB fez parece-me uma boa política.

Depois, há a questão das modalidades amadoras, uma dor de cabeça, sabe? Porque nem são amadoras, nem equilibram as contas, mas há muitos associados que estão agarrados a elas.

Não sei se o ajudei ou se compliquei...
Ainda assim, é esta a minha opinião sincera!"


Leonino
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