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Sangue LEONINO

sexta-feira, abril 03, 2009

Um herói na defesa do associativismo

João Mineiro terá provavelmente sido na Secção "Sustentabilidade Financeira", o Homem mais isolado do Congresso. Diz quem viu que resistiu como um Leão na defesa da sua dama, o associativismo. Numa pequena homenagem, aqui deixo um dos seus textos.
Bem-haja, João.
"Toda a modalidade desportiva profissional está sujeita a ciclos exógenos e endógenos. Os primeiros são marcados pela conjuntura económica, influenciando a forma como são geradas as receitas. Os segundos resultam da variabilidade do sucesso desportivo.
Ora em qualquer actividade, a diversificação permite dirimir o risco e tornar menos variável o ambiente de gestão. Foi essa diversidade (ecletismo) que permitiu manter o estatuto do Sporting Clube de Portugal enquanto associação desportiva durante as décadas de 80 e 90, apesar do insucesso verificado na modalidade mais popular – o futebol. Inversamente, nos últimos anos, verificou-se um gravíssimo afastamento dos Sócios e adeptos, e consequentemente das receitas potenciais de quotização, bilheteira e merchandising.
O ecletismo deve ser assumido como essencial para a grandeza do Clube, em respeito pela sua história e como forma de garantir níveis relevantes de receitas da forma mais independente possível dos ciclos económicos e desportivos.
É no entanto notório que várias modalidades não são capazes de se auto-sustentar, pelo menos de forma consistente e directa. Mas, indirectamente, são elas que corporizam muito do que foi e é o Sporting e a sua marca.
Porém a marca Sporting está hoje desgastada, facto que se repercute no número reduzidíssimo de Sócios efectivos pagantes. E mais do que Sócios, modalidades ou património, nestes últimos anos perdeu-se parte da alegria e orgulho em ser do Sporting. Os Sócios estão distantes e desinteressados. Perderam as tardes de desporto e convívio em Alvalade, o discurso tornou-se demasiado comercial e financeiro. Os Sócios tornaram-se clientes ora do Clube, ora da SAD.
Acontece que as decisões (leia-se despesas) dos Sócios são em grande medida irracionais do ponto de vista económico. Quando estes passam a ser clientes, passam também a tomar decisões racionais do ponto de vista económico. Um exemplo simples de apontar são as muitas Gamebox adepto adquiridas por ex-Sócios.
Há que garantir que os Sócios são sempre tratados como tal, e nunca como clientes, por uma questão de genética associativa, mas também para maximizar as receitas.
Assumindo então um Clube de Sócios, e aceitando que algumas modalidades são deficitárias, há que garantir que o Clube como um todo é viável. Importa apurar as receitas que o Clube gera (incluindo futebol), e decidir quanto alocar a cada modalidade.
É portanto fundamental definir a Unidade e Solidariedade do Sporting como base de qualquer estratégia de futuro. Quando a SAD precisou do Clube, o Clube salvou a SAD. Quando o Clube precisar da SAD, esta terá de estar totalmente disponível – sem quaisquer restrições!
Vender acções da SAD é uma forma de criar restrições, alimentar interesses terceiros, e roubar ao Clube as receitas extraordinárias cíclicas que são geradas pelo futebol – necessárias às sustentabilidade do Clube como um todo e ao abatimento do passivo.
Deverá portanto optar-se pela total recusa da emissão de VMOCs como solução financeira do Clube, devendo ser pensada, se algum dia se revelar possível, a recompra das acções em bolsa, com as seguintes condições:
- Recompra, a 5 euros, das acções ainda detidas pelos Sócios que participaram na primeira oferta pública (quota suplementar)
- Recompra a valor de bolsa ou ao valor nominal das restantes acções no mercado
- Criação de clausulas estatutárias que obriguem a SAD ao mesmo tipo de divulgação de informação pública a que está hoje obrigada
Como alternativa deverá promover-se uma operação que alivie a tesouraria do Clube. Duas opções a considerar:
- Emissão de empréstimo obrigacionista, remunerado à taxa fixa de 3%, com prazo de 3/4 anos
- Criação de um fundo, remunerado à taxa fixa de 3%, usado para comprar dívida do Clube à banca. O fundo seria criado com remuneração garantida e não teria prazo de vencimento definido. Deverá ser garantida alguma liquidez às unidades de participação
Num período de 3 anos esta operação, num montante de cerca de 40 M.€, permitiria:
- Poupar entre 0,5 e 1,1 M.€ em juros, face a um juro bancário de 3,5% ou 4,0%, ou mais em caso de subida repentina das taxas de juro
- Desafogar a tesouraria num montante superior a 10 M.€, devendo garantir-se que a maior parte deste valor é usado para redução do restante passivo bancário
- Envolver Sócios e Adeptos numa solução não fracturante, sem venda da SAD, e remunerando o investimento
- Remunerar parte do juros em serviços Sporting, tentando aproveitar um possível efeito fiscal
O investimento seria por exemplo de apenas 1.000 €, para 40.000 investidores (Sócios ou adeptos).
Face ao exposto, recomenda-se:
1) Assumir o ecletismo como forma de garantir a grandeza do Sporting e receitas indirectas, desde que exista Unidade e Solidariedade no Clube
2) Manter sempre a relação com os adeptos na vertente “Sócio”, e nunca como “Cliente”
3) Recusar a alienação de qualquer participação adicional na Sporting SAD
4) Que seja estudada uma operação financeira que alivie a tesouraria do Sporting, desde que seja evitado o aumento das despesas correntes"
João Mineiro em Leão de Verdade
Abraço de Leão,
Verdão
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