Para desanuviar...se possível!
Manual do Dirigente Desportivo Português (Breve Introdução ao Xico-Espertismo Lusitano)
Hoje em dia, no mundo globalizado em que vivemos, existem poucas coisas a que se possam chamar genuinamente portuguesas. No fundo, resumem-se as coisas realmente portuguesas ao fado, aos bigodes farfalhudos, à unha grande do dedo mindinho, ao desenrascanço e...intimamente ligado a este último...ao xico-espertismo.
E é deste último símbolo nacional de que vos falamos neste manual, nomeadamente na sua aplicação no meio em que aparentemente este é mais necessário, mais utilizado e se encontra num estado evolutivo mais avançado. Não falamos do meio político, nem sequer no meio jornalístico, mas antes nesse grande harém de xico-espertismo a que se costuma apelidar de dirigismo desportivo.
A complexidade e variedade de estilos de utilização do xico-espertismo no nosso país, nomeadamente no que respeita a este campo específico, é surpreendente, fazendo com que os restantes países europeus e até mundiais nos utilizem como exemplo a copiar, para formar xico-espertos europeus de uma qualidade quase aproximada à portuguesa. Exercícios anteriores com aprendizes de xico-espertos em França (Tapie) e, mais recentemente, em Itália, provaram existirem pela Europa fora alguns bons exemplos de exportação de xico-espertismo, embora sem atingirem um nível de um Loureiro, de um Costa, de um Vieira, de um Machado ou mesmo de um qualquer Fiúza.
No entanto, e para facilitar uma primeira abordagem aos métodos e técnicas de xico-espertismo mais comuns, segue-se uma pequena lista dos mesmos:
i) Manter por perto meia dúzia de jornalistas "amigos" que possam sempre transmitir e interpretar as suas declarações do modo que lhe dê mais jeito;
ii) Possuir um cão-de-fila, um nº2 competente e discreto, capaz de fazer o trabalho sujo sem que você possa ser directamente envolvido no mesmo;
iii) Falar amiúde de "forças ocultas" que têm como objectivo apenas afastá-lo do cargo, denegrir a sua imagem e/ou prejudicar o seu trabalho. O motivo principal para tal deverá ser atribuído à inveja que têm de si;
iv) Marcar conferências de imprensa/declarações públicas/entrevistas para as 20:05, de preferência com um grupo de apoiantes que possam bater palmas em directo de vez em quando; v) Ameaçar a demissão/saída do cargo pelo menos uma vez de 3 em 3 meses e, após uma comissão de apoio que o "convença" à continuidade, apesar de muito contrariado, devido ao seu espírito de missão;
vi) Praticar com frequência a entrada em directo, seja via telefone, seja mesmo em estúdio, nos programas em que se fale do seu nome, do seu clube/associação, ameaçando com processos, queixas-crime etc;
vii) "Dominar” do modo mais errado possível a língua portuguesa, de modo a que o povo acredite que você é “um dos seus”;
viii) Estudar as obras de La Palisse, e aplicar os seus princípios e com a maior frequência possível;
ix) Frequentar o curso: "Manobras de bastidores e jogo de cintura" do Professor Doutor Portas de Azevedo; acompanhado do mestrado "A arte do diz que disse" do Doutor Falácia da Costa;
x) Ler uma vez por mês o livro “Grande manual de desculpas para justificar maus resultados";
xi) Incentivar o prosseguimento dos estudos dos membros mais jovens da sua família (filhos, sobrinhos, enteados etc), de modo a que possam mais tarde estar em condições de serem eleitos para cargos de decisão nos mais diversos organismos, nos quais tomarão diversas decisões "imparciais";
xii) Consolidar as suas ligações ao mundo da prostituição e outros negócios afins, de modo a assim poder satisfazer os desejos dos seus “amigos” mais próximos;
xiii) Possuir uma numerosa Guarda Pretoriana, de preferência composta por membros das claques do clube, para o defender dos inimigos e pressionar os seus “amigos” mais indecisos;
xiv) Repetir 20 vezes de manhã e mais 30 à tarde, a oração que Jesus Cristo ensinou aos Calisteus "O que hoje é verdade, amanhã é mentira", e ao almoço mais 40 vezes a actualização introduzida pelo Diácono Pimenta Machado "O que hoje é verdade, hoje é mentira";
xv) Ser devoto de Fátima;
xvi) Conhecer os melhores e mais recônditos restaurantes para "negociar" com os "amigos";
xvii) Tratar indistintamente toda a gente por "Doutor";
xviii) Decorar as palavras cabala, vergonha, escândalo, roubo e vilipendiar, e tentar utilizar pelo menos uma em cada frase proferida em público;
xix) Soltar, pelo menos uma vez de quinze em quinze dias, uma declaração provocadora para os seus inimigos, que provoque reacções imediatas e violentas, que lhe permitam fazer de vitima;
xx) Mentir com um sorriso nos lábios.
Esperamos que aproveite este pequeno manual para singrar no difícil mundo do dirigismo desportivo nacional, enchendo a sua vitrina de títulos e a sua conta bancária de euros.
Nelson Santos
Hoje em dia, no mundo globalizado em que vivemos, existem poucas coisas a que se possam chamar genuinamente portuguesas. No fundo, resumem-se as coisas realmente portuguesas ao fado, aos bigodes farfalhudos, à unha grande do dedo mindinho, ao desenrascanço e...intimamente ligado a este último...ao xico-espertismo.
E é deste último símbolo nacional de que vos falamos neste manual, nomeadamente na sua aplicação no meio em que aparentemente este é mais necessário, mais utilizado e se encontra num estado evolutivo mais avançado. Não falamos do meio político, nem sequer no meio jornalístico, mas antes nesse grande harém de xico-espertismo a que se costuma apelidar de dirigismo desportivo.
A complexidade e variedade de estilos de utilização do xico-espertismo no nosso país, nomeadamente no que respeita a este campo específico, é surpreendente, fazendo com que os restantes países europeus e até mundiais nos utilizem como exemplo a copiar, para formar xico-espertos europeus de uma qualidade quase aproximada à portuguesa. Exercícios anteriores com aprendizes de xico-espertos em França (Tapie) e, mais recentemente, em Itália, provaram existirem pela Europa fora alguns bons exemplos de exportação de xico-espertismo, embora sem atingirem um nível de um Loureiro, de um Costa, de um Vieira, de um Machado ou mesmo de um qualquer Fiúza.
No entanto, e para facilitar uma primeira abordagem aos métodos e técnicas de xico-espertismo mais comuns, segue-se uma pequena lista dos mesmos:
i) Manter por perto meia dúzia de jornalistas "amigos" que possam sempre transmitir e interpretar as suas declarações do modo que lhe dê mais jeito;
ii) Possuir um cão-de-fila, um nº2 competente e discreto, capaz de fazer o trabalho sujo sem que você possa ser directamente envolvido no mesmo;
iii) Falar amiúde de "forças ocultas" que têm como objectivo apenas afastá-lo do cargo, denegrir a sua imagem e/ou prejudicar o seu trabalho. O motivo principal para tal deverá ser atribuído à inveja que têm de si;
iv) Marcar conferências de imprensa/declarações públicas/entrevistas para as 20:05, de preferência com um grupo de apoiantes que possam bater palmas em directo de vez em quando; v) Ameaçar a demissão/saída do cargo pelo menos uma vez de 3 em 3 meses e, após uma comissão de apoio que o "convença" à continuidade, apesar de muito contrariado, devido ao seu espírito de missão;
vi) Praticar com frequência a entrada em directo, seja via telefone, seja mesmo em estúdio, nos programas em que se fale do seu nome, do seu clube/associação, ameaçando com processos, queixas-crime etc;
vii) "Dominar” do modo mais errado possível a língua portuguesa, de modo a que o povo acredite que você é “um dos seus”;
viii) Estudar as obras de La Palisse, e aplicar os seus princípios e com a maior frequência possível;
ix) Frequentar o curso: "Manobras de bastidores e jogo de cintura" do Professor Doutor Portas de Azevedo; acompanhado do mestrado "A arte do diz que disse" do Doutor Falácia da Costa;
x) Ler uma vez por mês o livro “Grande manual de desculpas para justificar maus resultados";
xi) Incentivar o prosseguimento dos estudos dos membros mais jovens da sua família (filhos, sobrinhos, enteados etc), de modo a que possam mais tarde estar em condições de serem eleitos para cargos de decisão nos mais diversos organismos, nos quais tomarão diversas decisões "imparciais";
xii) Consolidar as suas ligações ao mundo da prostituição e outros negócios afins, de modo a assim poder satisfazer os desejos dos seus “amigos” mais próximos;
xiii) Possuir uma numerosa Guarda Pretoriana, de preferência composta por membros das claques do clube, para o defender dos inimigos e pressionar os seus “amigos” mais indecisos;
xiv) Repetir 20 vezes de manhã e mais 30 à tarde, a oração que Jesus Cristo ensinou aos Calisteus "O que hoje é verdade, amanhã é mentira", e ao almoço mais 40 vezes a actualização introduzida pelo Diácono Pimenta Machado "O que hoje é verdade, hoje é mentira";
xv) Ser devoto de Fátima;
xvi) Conhecer os melhores e mais recônditos restaurantes para "negociar" com os "amigos";
xvii) Tratar indistintamente toda a gente por "Doutor";
xviii) Decorar as palavras cabala, vergonha, escândalo, roubo e vilipendiar, e tentar utilizar pelo menos uma em cada frase proferida em público;
xix) Soltar, pelo menos uma vez de quinze em quinze dias, uma declaração provocadora para os seus inimigos, que provoque reacções imediatas e violentas, que lhe permitam fazer de vitima;
xx) Mentir com um sorriso nos lábios.
Esperamos que aproveite este pequeno manual para singrar no difícil mundo do dirigismo desportivo nacional, enchendo a sua vitrina de títulos e a sua conta bancária de euros.
Nelson Santos
Sangue LEONINO
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