Desta vez tem razão.
Por norma não gosto de por outras pessoas a dizer o que eu penso. Muito menos quando o assunto é o meu clube, abordado por pessoas que habitualmente não o tratam devidamente. Parece-me que desta vez o homem acertou. Por isso deixo-vos aqui a crónica de hoje do António Tadeia, no DN, que vai de encontro ao essencial de alguns posts que aqui tenho deixado:
"METER O FUTEBOL NO PROJECTO SPORTING"
"Há uma frase de Paulo Bento no final do jogo do Bonfim que é particularmente reveladora. Disse o treinador do Sporting: "Os nossos problemas, não será o mercado de Janeiro a resolvê-los." Dela nascem duas interpretações possíveis e compatíveis. A saber: que os problemas são tantos que não é com a chegada de alguns jogadores este mês que vão desaparecer e que os problemas não nasceram do melhor ou pior rendimento dos novos recrutas mas sim da impossibilidade de substituir sem perda significativa a meia equipa que saiu no Verão. Porque a crise actualmente vivida pelo Sporting vai muito além da exibição deprimida do Bonfim ou das duas derrotas consecutivas sem fazer golos desde as férias de Natal. A crise do Sporting é de projecto e deve ser este a ser objecto da mais profunda reflexão.
Embora muitos concentrem os tiros nos reforços falhados que Carlos Freitas contratou ou no sistema de jogo que Paulo Bento montou, não é aí que está o verdadeiro problema do Sporting. Bento fez as delícias dos adeptos leoninos há menos de um ano a jogar com este mesmo esquema táctico e, do ponto de vista técnico, esta época, só terá cometido um erro, que foi a aposta em Rui Patrício: o jovem de Marrazes terá o seu tempo mas, para já, como se viu no Bonfim, o melhor guarda-redes do Sporting é Stojkovic, cujo afastamento só pode ser visto à luz de falhas de comportamento no seio do grupo. Por sua vez, Freitas foi contestado por largas faixas de adeptos por ter trazido uma série de jogadores que não pegaram, mas isso é normal e não deveria provocar-lhe a demissão nem levar aos habituais panegíricos que nestas alturas lembram sempre os sucessos e até chegam ao ponto de lhe atribuir títulos ou de fazer contas entre o que se gastou e o que se recebeu com jogadores vindos da formação.
O problema do Sporting, contudo, está mais fundo e chama-se projecto. Debelados os equívocos do projecto-Roquette, que pretendia fazer do Sporting uma joint-venture entre futebol e imobiliário, continua a haver excesso de mentalidade empresarial em Alvalade. Do mundo empresarial, os clubes devem herdar o rigor, o profissionalismo e a capacidade para inovar nos planos comercial ou de marketing, mas nunca a mentalidade que faz do princípio de causalidade a raiz do pensamento. Porque se numa empresa a contratação de mão-de-obra especializada gera sempre trabalho, num clube a chegada de um jogador não tem que produzir resultados desportivos. O problema desta segunda fase do projecto Sporting está no desconhecimento - ou na vontade de fazer tábua-rasa - de verdades absolutas do futebol. Exemplos? Um clube de futebol pode perfeitamente assentar a sua política na formação e exportação de talentos, mas deve saber que há num balneário equilíbrios cuja manutenção não pode ser substituída nem pelo mais sagaz dos operadores de mercado.
Embora muitos concentrem os tiros nos reforços falhados que Carlos Freitas contratou ou no sistema de jogo que Paulo Bento montou, não é aí que está o verdadeiro problema do Sporting. Bento fez as delícias dos adeptos leoninos há menos de um ano a jogar com este mesmo esquema táctico e, do ponto de vista técnico, esta época, só terá cometido um erro, que foi a aposta em Rui Patrício: o jovem de Marrazes terá o seu tempo mas, para já, como se viu no Bonfim, o melhor guarda-redes do Sporting é Stojkovic, cujo afastamento só pode ser visto à luz de falhas de comportamento no seio do grupo. Por sua vez, Freitas foi contestado por largas faixas de adeptos por ter trazido uma série de jogadores que não pegaram, mas isso é normal e não deveria provocar-lhe a demissão nem levar aos habituais panegíricos que nestas alturas lembram sempre os sucessos e até chegam ao ponto de lhe atribuir títulos ou de fazer contas entre o que se gastou e o que se recebeu com jogadores vindos da formação.
O problema do Sporting, contudo, está mais fundo e chama-se projecto. Debelados os equívocos do projecto-Roquette, que pretendia fazer do Sporting uma joint-venture entre futebol e imobiliário, continua a haver excesso de mentalidade empresarial em Alvalade. Do mundo empresarial, os clubes devem herdar o rigor, o profissionalismo e a capacidade para inovar nos planos comercial ou de marketing, mas nunca a mentalidade que faz do princípio de causalidade a raiz do pensamento. Porque se numa empresa a contratação de mão-de-obra especializada gera sempre trabalho, num clube a chegada de um jogador não tem que produzir resultados desportivos. O problema desta segunda fase do projecto Sporting está no desconhecimento - ou na vontade de fazer tábua-rasa - de verdades absolutas do futebol. Exemplos? Um clube de futebol pode perfeitamente assentar a sua política na formação e exportação de talentos, mas deve saber que há num balneário equilíbrios cuja manutenção não pode ser substituída nem pelo mais sagaz dos operadores de mercado.
O grande erro estratégico do Sporting esta época não foi ter contratado Had, Izmailov, Purovic, Stojkovic, Gladstone ou Vukcevic. O grande erro estratégico do Sporting este ano - e já o digo desde o início da época - foi não ter percebido que, depois de ter vendido Nani (excelente negócio) e perdido Caneira (saída inevitável), não podia deixar fugir mais três titulares por questões de apenas alguns milhares de euros, confiando cegamente na sua capacidade de os substituir com ganho financeiro e futebolístico no mercado. Sem Ricardo, o Sporting perdeu o terceiro internacional português no mesmo Verão e entregou a baliza a jovens de futuro brilhante mas presente inconstante. Sem Tello, deixou fugir a segunda opção para um lugar ainda por preencher (o de lateral-esquerdo). E sem Alecsandro disse adeus ao jogador que, a seguir a Deivid - também vendido em saldo -, melhor se adaptou ao futebol de Liedson.
Acentuada a crise, demitido Carlos Freitas, o que pode fazer o Sporting? Demitir Paulo Bento? Não. Resta-lhe reflectir acerca do projecto e da necessidade de incorporar uns pozinhos de mentalidade futebolística em tanta visão empresarial. É que, com o tempo, o futebol encarrega-se de regular todas as crises e, a continuarem as coisas como estão, o Sporting não venderá ninguém esta época por 25 milhões de euros e poderá deixar crescer esta equipa."
verdão(SL)
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Sangue LEONINO
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