Alta Pressão

O conceito de pressão foi introduzido com mais acuidade nestes últimos tempos. Normalmente falamos de pressão alta no que concerne a conceitos tácticos.
Neste preciso momento a abordagem não se prende com tácticas, mas com a realidade vigente. Os meios de comunicação só falam em pressão para os lados de Alvalade.
Depois do mau começo de época este era um cenário expectável.
Contudo não podemos escamotear a realidade e hoje o cenário é de alta pressão.
O mais intrigante é que ela não vem somente de fora, mas parte sobretudo de dentro.
A pressão externa é compreensível e normal, já a interna vem donde menos se esperava ou talvez não.

Nenhum sportinguista pode estar contente com a prestação lastimosa da equipa.
As exibições têm sido descoloridas e os resultados não são os esperados. Contudo ainda temos todos os objectivos ao nosso alcance. Assim sendo não percebo esta pressão inusitada sobre a equipa.
Os profissionais de futebol e as estruturas que os suportam têm de saber conviver com estes factores. Será lógico que se aumente a pressão internamente.
Será admissível que se aponte um único culpado e se peça intransigentemente a sua cabeça, sobretudo numa altura de confrontos decisivos.
Porque razões hão-de ser os da casa a colocar mais radicalismo neste assunto.

Muitas vezes não concordo com as palavras do consócio Dias Ferreira e não tenho particular admiração pela sua pessoa. Contudo não podia estar mais de acordo com as palavras por si proferidas na SIC Noticias.
Nada me move contra a Associação de Adeptos Sportinguistas e até lhe reconheço mérito nalguns dos seus projectos.
Esta Associação soube crescer e depois de se apresentar a eleições (para o CL) conseguiu assegurar representação neste órgão.
Aqui reside o busílis da questão e da minha discordância com certos actos praticados pela AAS. Quando ainda não tinham representação no CL emitiram um comunicado que levantou bastante polémica e com o qual discordei frontalmente. Depois de um esclarecimento adicional percebeu-se que a intenção não era de afrontar o treinador.
Após as eleições e como membros de pleno direito e com assento no CL poder-se-ia esperar outro tipo de postura. Não deixam de poder expressar livremente as suas opiniões, contudo o seu estatuto perante o clube e demais sócios é diferente e a sua responsabilidade aumentou.
Neste momento determinante e difícil da vida do clube esperar-se-ia um pouco mais de solidariedade interna. Parece-me bastante despropositado que tenha emitido este comunicado, precisamente nesta altura.
Porque sentiram a necessidade de tornar as suas preocupações públicas e não as expressaram internamente junto do presidente. Podem pensar que estão a ajudar o clube, mas poderiam faze-lo de outra forma e noutro tempo, pois no curto prazo só estão a agudizar as coisas e a colocar pressão extra.

Para piorar a situação e para colocar a pressão a níveis altíssimos lançaram este mote no seu sítio. Não concordo e não compreendo este tipo de abordagens antes de um jogo de alta importância. As responsabilidades da AAS não se resumem às de um simples adepto que pode barafustar e insultar. Este tipo de mensagens também pode levantar interpretações dúbias como a de quererem provar a todo o custo que a razão lhes assiste e foram os primeiros a descortina-la.
Não posso deixar de notar que a AAS é bastante empenhada na defesa dos interesses do clube, contudo intriga-me que nunca tenha emitido nenhum comunicado a condenar certas afirmações e atitudes de alguns jogadores, empresários ou familiares que denigrem e atingem o clube.

Apesar desta pressão espero que os jogadores tenham arreganho e me façam ter orgulho na camisola verde e branca.
Têm de demonstrar que a exibição de Alvalade não foi fortuita e que se vai tornar a norma e não a excepção.
Posso e devo cobrar depois dos jogos, antes devo apoiar e desejar o melhor para a minha equipa sem cobranças e pressões extra, pois já bastam as decorrentes do próprio jogo.



Verde CDV