Os méritos de Jorge Jesus

Jorge Jesus é um treinador pouco consensual, com um estilo e um discurso muito peculiares, embora todos reconheçam o seu valor, sabendo-se que chegou ao nosso clube vindo do outro lado da Segunda Circular, onde deu início a um ciclo deveras vitorioso. Mesmo com aquelas ‘ajudas’ que todos conhecemos.

É também várias vezes referido o facto de ser um treinador muito caro atendendo aos troféus que temos conquistado nestas três últimas temporadas, só que minha opinião o valor de um timoneiro de um plantel não se pode apenas avaliar por esse critério. Seria demasiado redutor.

Incutir uma mentalidade exigente e ganhadora, redefinir métodos, conceitos e organização no departamento de futebol, e sobretudo valorizar jogadores, são quanto a mim critérios ou valências pelos quais também a qualidade de um técnico deve ser medida e aferida.

Vejo agora o Sporting a lutar por troféus ou competições que até há poucos anos eram uma miragem para o nosso emblema. 

Vejo uma presença mais constante na Champions e receitas bem mais simpáticas a rechearem os nossos cofres.

Vejo jogadores e treinadores com um discurso ambicioso como também há muito não via.

Vejo jogadores a quererem vir para o Sporting para trabalharem com Jesus.

E quanto à valorização de futebolistas, temos embolsado nestes últimos anos uns simpáticos  milhões como nunca antes na história do clube. João Mário, Slimani, Adrien, são exemplos de jogadores cujas vendas nos deram um belo retorno financeiro, o que ajuda não só a ter contas saudáveis mas também a ter outra capacidade de reforçar o plantel. Um verdadeiro círculo virtuoso. E não nos esqueçamos que foi com Jorge Jesus que estes atletas muito evoluíram e que ganharam não só maior riqueza técnica, mas sobretudo táctica.

 Até Bas Dost é outro jogador desde que chegou a Alvalade. Jesus tem de facto uma capacidade invulgar para potenciar o melhor de cada atleta, para corrigir as suas limitações e para os moldar à exigência táctica da equipa. Tem feito isso em Alvalade, tal como fez na Luz. Recordo-me de Di Maria ou de Coentrão como paradigmas perfeitos de como Jesus fez explodir todo o seu talento.

Portanto, sendo sempre uma opinião subjectiva e contestável, mantenho que temos o homem certo no lugar certo, pelo que não embandeiro na crucificação do nosso actual treinador pelo simples facto de estarmos esta temporada mais longe do título.

Claro que há coisas que não correram bem e inegáveis tiros ao lado (Doumbia, Petrovic...), mas mesmo assim diria que o saldo é francamente positivo.

Nuno M Almeida