Na decorrência da entrevista de Carlos Barbosa, ex-vice-presidente do Sporting - hoje publicada no Record - a qual, no mínimo, qualifico de deplorável, aproveito para aqui reproduzir a reacção à mesma por parte de alguém que com ele coabitou até muito recentemente nos orgãos sociais leoninos.
Em entrevista a um diário desportivo, um
ex-vice-presidente do Sporting Clube de Portugal, Carlos Barbosa, tece uma
série de considerações sobre a sua passagem pelo Clube que, neste momento, me
merecem as seguintes considerações:
1) é do mais elementar sportinguismo que qualquer
sportinguista saiba a data de fundação do seu clube. No que aos orgãos sociais
diz respeito, essa regra assume carácter de obrigatoriedade e é o mínimo que se
pode esperar de qualquer dirigente do Clube.
2) é completamente falsa a descrição que aquele
ex-dirigente faz do acto e justificações para o mesmo, relativamente à sua assinatura
do contrato entre a SPM e a empresa Businlog. Não adiantarei mais sobre este
assunto porque, apesar dos equívocos em que lavram, respeito a investigação e
as instituições judiciárias.
3) a dado passo refere que a Tribuna Presidencial do
Estadio José Alvalade era frequentada por "penduras". Mais afirmou
que seria por esse motivo que raramente ali se deslocaria em dia de jogo. Ora
acontece que, certamente por esquecimento, a partir de determinado momento, o
mesmo ex-dirigente passou a "presidir" à Tribuna Centenário na
Bancada Nascente, para a qual invariavelmente convidava amigos e manequins
fornecidas por agência de moda, sendo estes os novos "penduras" a
frequentar Alvalade e trazidos pela sua mão. Não obstante os inúmeros reparos à
prática referida, a mesma era sempre por si justificada com interesses
comerciais. Ainda hoje, certamente por nosso desconhecimento do mettier
comercial, não se constataram as vantagens de tal prática.
4) refere que, na sua opinião o vogal do CD, Rui Paulo
Figueiredo, por ser deputado, não deveria integrar aquele orgão. Não é a
profissão que define quem deve, ou não, integrar o CD mas sim a capacidade, o
sportinguismo e a lealdade ao Clube e aos seus pares, de cada um dos eleitos.
Sobre este tema e temas paralelos, emiti varias vezes a minha opinião nos
locais próprios que são o Conselho Directivo, o Conselho Leonino, as
Assembleias Gerais ou directamente ao Presidente. Nunca na rua e muito menos em
entrevistas a orgãos de comunicação social. As questões internas do Sporting
sao tratadas internamente e nunca na praça publica. Quem assim não procede é
porque se julga mais importante que o Clube.
5) é falso que, consigo, os resultados comerciais tenham
crescido. O que cresceu de facto foi a massa salarial da sua responsabilidade,
que, num período de seis meses, e por sua determinação, aumentou meio milhão de
euros, sem que tenham sido atingidos objectivos reflectores de tal acréscimo. O
Director-Geral Comercial por si escolhido saiu em menos de um ano e tal não foi
seguramente por ter excedido o numero de vendas de gamebox ou camarotes
disponíveis no Estádio. Os verdadeiros responsáveis pelo aumento das vendas de
GB e afluência ao Estádio foram os treinadores e jogadores contratados pela
Administração da SAD.
6) sobre o Futebol Profissional vem Carlos Barbosa tecer
laudos ao treinador Ricardo Sa Pinto e somente a este. Ha poucos dias atrás, em
entrevista a uma rádio, elogiava a capacidade profissional de Luis Duque e
Carlos Freitas, para além do treinador. Também e por esquecimento certamente
olvidou o facto de, dois meses após as eleições nas quais foi eleito, ter sido
um acérrimo defensor da saída daquele administrador.
7) refere também na mesma entrevista, que integrou uma
lista na qual não acreditava que o líder tivesse perfil para comandar o
projecto; que entrou num clube atrasado; que não concordava com a presença de
certos colegas; que o Sporting tem que seguir exemplos do clube rival porque
esses trabalharão melhor. Se entendesse o que é o Sporting, saberia que a massa
adepta não gosta de "virgens arrependidas". Prefere sempre homens e
mulheres que assumem as suas funções de forma humilde e que façam o melhor que
podem e sabem pelo Clube.
8) na minha experiência enquanto 15 meses como
vice-presidente do Sporting apreendi e confirmei o quanto esmagadoramente
grande e importante é o nosso Clube para milhões de pessoas. Qualquer um dos
que o serviram ou servem, deverão ter sempre presente que estão de passagem
numa instituição que lhes dá o privilégio de a servir e que será sempre bem
maior que qualquer ego, ambição pessoal ou "acertos de contas".
8) o Sporting é a soma de uma imensidão de valores, de
sentires e de vivências. O Sporting é o futebol, o andebol, os núcleos, as
claques, as associações e tudo o mais que aqueles que o sentem quiserem. É de
nós todos e será, definitiva e imensuravelmente maior que uns, que aqui e ali,
sem nada dele conhecerem o caracterizam, o rotulam e o tentam diminuir. Quem
ataca os orgãos sociais do Sporting, ataca o Clube e quem ataca e denigre o
Clube, fá-lo exactamente, e na mesma medida, à sua massa adepta. O tempo e os
sportinguistas darão a devida resposta ao sócio Carlos Barbosa.
Paulo Pereira Cristóvão
Nuno M Almeida