Mais do que o Benfica ou o Porto, o nosso maior adversário era a instabilidade. Estávamos a caminhar não para mudar de treinador semana a semana, mas sim de direção: um ano desportivo mal conseguido... demissão da direção! Esta espiral, que ia matando o clube, era muito criada pelo que já falámos — as claques — mas também por um conjunto de “notáveis” que se olham com muita importância no SCP mas que de facto não têm nenhuma importância para os sócios... Ao primeiro desaire dão uma entrevista de “como se deve fazer”. Dão “bitaites”, sabem tudo, mas nunca ganharam nada.
Em relação à pergunta que me fez sobre o bem, respondo-lhe do único modo possível: a vitória do Sporting vai muito além do campo desportivo. Os portugueses estão cansados — e muitas vezes a classe política não se apercebe disto — de ver gente que se comporta como se fosse uma casta que pode dever milhões! Que pode ser apanhada em escutas a corromper um árbitro, apanhada em escutas de processos de corrupção, tráficos de influências, e depois chegar ao final do dia e nada acontecer. Quando um povo não acredita na seriedade do seu país, isso mina a democracia, mas mina sobretudo o próprio país. Hoje, um dos nossos principais problemas é a Justiça. Há dias respondi a Pinto da Costa...
E vendo o que ocorreu recentemente com a detenção do presidente Luís Filipe Vieira só peço que não se fique por aqui. Que haja coragem para ir até ao fim, seja quem for a pessoa, o cargo, o estatuto.
Nem para mim nem para ninguém, e é justamente isso que descredibiliza a Justiça. Não sou jurista, mas percebo que faça muita confusão a qualquer português que um presidente de um clube — falo de Pinto da Costa, não temo dizer o seu nome — seja apanhado em escutas a oferecer serviços de prostituição a um árbitro! Ou seja, a corromper um árbitro. Mas dado que as escutas não foram aceites pelos tribunais, ignoraram-se. Isto entra na cabeça de algum português? Mas depois, se essa pessoa tem “n” títulos, é respeitada, porque ganhou. Mas ganhou como? Assim? Isso não entra nos meus valores... Se foi assim, não pode dirigir nenhum clube do país.
O que posso garantir é que o Sporting vai continuar a crescer enquanto clube e que será muito competitivo. Não prometo vitórias. Nem digo que o Sporting tem a obrigação de ganhar, quando eu tenho cerca de 60% do orçamento dos nossos rivais.