Amanhã jogamos muito do nosso futuro na Liga dos Campeões. E a preparação desse futuro começou de forma no mínimo atribulada: Stojkovic ficou em Lisboa. Enquanto se multiplicam as especulações digo apenas o seguinte: só se pode tratar de uma infracção muito grave para levar Paulo Bento a punir o nosso guarda-redes com 2 jogos de afastamento, o da Taça da Liga e o jogo de amanhã. Se nos lembrarmos dos famosos atrasos de Liedson e Polga e as consequências que tiveram para ambos os jogadores, só podemos concluir que se trata mesmo de algo muito mais grave que um simples atraso, deliberado ou não. Sem saber qual possa ser a infracção cometida, pergunto-me se além do castigo ao alegado infractor não é também o clube punido ao prescindir do seu titular para um jogo tão importante. Espero que Paulo Bento tenha tomado uma decisão equilibrada.
Infelizmente não pude comentar aqui o excelente post do Leonino a propósito do desaire com o Fátima. E o único milagre que podia ter acontecido era termos tido outro resultado que não a derrota, jogando tão mal. Quanto a mim na maior parte do tempo limitamo-nos a fazer figura de corpo presente. E mais do que discutir a qualidade do nosso plantel, fulanizando a questão, importa perceber a estratégia que foi montada para o jogo do Restelo:
- Na conferência de imprensa que lançou o jogo Paulo Bento afirmou que, sendo este um jogo a 2 mãos, “Não há a pressão de termos de resolver já”. A forma laxista como a equipa entrou em campo leva-me a questionar se o treinador proferiu as mesmas palavras no balneário e se os jogadores o perceberam bem.
- A entrada de tantos jogadores sem ritmo nem ligação entre si também contribui para a inércia colectiva, embora não a justifique na totalidade. Mudar a grande maioria dos jogadores de uma equipa de futebol não é o mesmo que mudar as peças de um tabuleiro de xadrez e Paulo Bento sabe-o melhor do que eu, com certeza. Independentemente da qualidade, ou falta dela, dos jogadores que foram chamados, é óbvio que não se lhes pode exigir o mesmo ritmo que jogadores que jogam com regularidade e em conjunto, como é caso dos jogadores do Fátima, que ainda por cima é uma equipa bem orientada. Paulo Bento arriscou e perdeu. E não pode dizer que não estava avisado. Porque se não viu o jogo anterior do Fátima nesta competição, pelo menos soube do resultado.
- A forma encontrada por Paulo Bento para gerir a utilização do plantel parece repetidamente desajustada, como já se observa desde o ano passado. Parece-me que deveria ser mais meticulosa, pelo menos os resultados assim o fazem supor. Além de que os desaires acabam por marcar em demasia os jogadores que neles se vêm envolvidos, sobretudo quando são alvos de substituições com intuito “salvador”. É óbvio que os que saem ficam à mercê da exposição negativa, como bodes expiatórios. Veja-se o caso do Celsinho ou do Gladstone: será que são assim tão maus?
Para lá do mau resultado há para mim, nesta altura questões óbvias que importa reflectir:
- Tal como várias vezes aqui escrevi na pré-epoca é inquestionável que as mexidas substantivas na estrutura do plantel, com incidência drástica nos titulares é uma factura que está a ser paga em prestações muito altas do ponto de vista exibicional: a equipa alterna o sofrível com o péssimo com demasiada frequência, atingindo a custo e de forma efémera o nível bom. Consistência é uma palavra fora do dicionário.
- Perdemos solidez defensiva, como provam o número anormal de golos sofridos, apesar de termos na defesa os jogadores que melhores prestações têm conseguido, como Abel, Tonel e Polga.
- O miocárdio da equipa, o meio-campo, revela problemas constantes, raras vezes conseguindo segurar o jogo e revela enormes dificuldades em fazer chegar a bola de forma jogável às linhas da frente. Veja-se o caso do Veloso: aparentava má forma quando jogava com a nossa camisola e subiu vertiginosamente de produção nos jogos que disputou na selecção. No mínimo dá que pensar. Sou levado a pensar o mesmo de Moutinho.
- Tenho dúvidas que nos tenhamos reforçado efectivamente. Creio que adquirimos bons jogadores. Mas reforçar teria sido manter os jogadores que saíram e ter ido buscar jogadores que competissem com eles pelo mesmo lugar. Criar alternativas válidas. P.Ex: Ricardo competir com Stojkovic, Nani com Vukcevic, Carlos Martins com Izmailov, etc. Mas os euros são necessários e obviamente não estou a dizer que não se devia ter vendido Nani e Ricardo, p. ex., pelo dinheiro que nos deram. Antes se devia ter assumido que, não estando mais fortes, não poderíamos querer mais do que o conseguimos o ano passado. Ou então ter investido mais na equipa. Ao invés apontou-se o discurso para patamares mais elevados e temo que a decepção que a crua realidade vai impondo traga atrás de si enorme turbulência. Basta estar atento ao que se vai ouvindo nas bancadas e lendo a blogosfera verde. E nem vale a pena abordar alguns equívocos como prescindir de Alecsandro e ir buscar Purovic para não ter quem centre uma bola para a área. Ficar com Djaló e rodar Varela. Não devia ser ao contrário?
Por tudo isto o ciclo que se avizinha ganha ainda mais importância: o futuro da nossa presença em 2 competições joga-se aí, não esquecendo o nosso atraso no campeonato. E não me venham com histórias relativamente à importância da Taça da Liga: o SCP tem que jogar sempre para ganhar.
verdão