Mais uma época oficial prestes a iniciar-se e as inevitáveis esperanças e ambições anuais renovadas, rumo a uma temporada que se deseja entusiasmante até ao fim e de enorme sucesso para o nosso emblema de eleição.
Temos uma direcção consolidada, com sementes semeadas para colhermos os frutos de um trabalho correcto, coerente e indispensável.
Não fui um apoiante nem um entusiasta desde a primeira hora de Bruno Carvalho e seus pares, mas como acima de tudo amo o meu Sporting - há mais de quatro décadas - não tenho qualquer problema, preconceito ou prurido em reconhecer os méritos da gestão empresarial e desportiva desta direcção.
Depois de várias presidências repletas de erros de gestão que iam hipotecando o futuro do clube, pese embora todos os pseudo-iluminados que fizeram parte das várias direções e órgãos sociais que antecederam a eleição de Carvalho, a verdade é que, de há três temporadas para cá tem-se feito o que na realidade se impunha.
Fortalecimento da marca Sporting, reestruturação financeira, racionalização económica injectada na gestão do clube, maior aposta e valorização da figura do sócio, mais apelo à massa adepta e associativa com evidentes resultados na venda de merchandising e bilhética, traduzida na crescente afluência aos jogos, com mais e melhor apoio à equipa, maior dinâmica e proximidade aos inúmeros núcleos, reforço do ecletismo, construção do pavilhão e uma voz mais forte e ruidosa junto dos órgãos decisórios do futebol português e internacional.
Melhor e mais cuidada política de comunicação do clube e sobretudo arestas limadas em relação às teclas facebookianas do presidente. Mérito de quem o aconselhou. Mérito também do aconselhado. Caramba, o homem até maior cuidado com a sua imagem passou a ter. E se para alguns isso é um pormenor, para mim é um pormaior porque Bruno Carvalho é a mais alta figura do clube e representa institucionalmente um emblema centenário!
Aliado a tudo isto uma política desportiva mais lógica e correcta, somando à tradicional excelência dos frutos da nossa formação, a contratação de jogadores mais experientes (Bryan Ruiz, Teo, agora Beto...) e a aposta em futebolistas desconhecidos com posterior valorização de todo o seu potencial, sendo Slimani o caso mais paradigmático.
Inegável também a criteriosa escolha dos timoneiros para o futebol profissional (Leonardo Jardim, Marco Silva e Jorge Jesus) parecendo agora longínqua a era dos Vercauterns, Paulos Sérgios e afins...
Terminada a pré-época, na qual registámos mais derrotas que triunfos, sendo esse registo meramente relativo e valendo aquilo que quisermos que valha, sobretudo porque não podemos esquecer que defrontámos várias equipas que estarão nas competições europeias e, last but not the least, é precisamente nestes jogos que se testam jogadores, modelos de jogo e dinâmicas sectoriais, não esquecendo também a tardia integração dos nossos quatro campeões europeus.
O plantel está a estruturar-se, os desafios são enormes, a época será longa com a exigente participação na fase de grupos da liga milionária, os novos reforços estão a ambientar-se à cultura do clube, aos colegas e à equipa técnica, pelo que a nível de preocupações apenas relevo a incerteza sobre o futuro de elementos que compõem a espinha dorsal do onze titular (João Mário, William, Slimani...) e as carências no sector ofensivo, já que com a saída de Barcos e Teo, e a lesão prolongada de Spalvis, apenas ficamos com o nosso matador argelino nas opções da frente. Pelo menos para já. É pouco. Muito pouco.
Na defesa urge que as rotinas e o entrosamento demonstrados no final da temporada passada, sobretudo na zona central entre Coates e Semedo, regressem depressa. As indicações de pré-temporada não foram as melhores. Dependendo do desafogo dos cofres de Alvalade não descartaria a contratação de um central experiente com perfil de líder. Naldo, Ewerton e Paulo Oliveira também não me parecem oferecer as melhores garantias.
Quanto a novos reforços aposto não só em Meli mas sobretudo em Alan Ruiz como elementos que maior valia poderão trazer ao grupo, enquanto Podence poderá ser a jovem grande revelação de 2016-2017.
Está claramente a trilhar-se o caminho para um Sporting futebolisticamente mais sólido, consistente e competitivo, fundado numa estrutura profissional e competente. É que só assim poderemos deixar de ser campeões nacionais apenas de 15 em 15 ou de 18 em 18 anos.
Posto tudo isto, quotas em dia, gamebox renovada, fé leonina em alta, fervor clubístico inabalável e a certeza de que
"onde tu fores jogar, eu vou lá estar"... começando já no próximo sábado, em Alvalade, frente ao Marítimo, porque este tem que ser o ano do título!
Nuno M Almeida