Ponto prévio: sou por princípio contra qualquer forma de violência.
Antes e depois do
derby de ontem falou-se muito de outras questões que não futebol. E quanto a mim tudo nasceu a partir de um decisão irresponsável e provocatória da direcção encarnada.
Diga-se o que se disser, encontrem-se os argumentos que quiserem, fale-se ou não em absurdas 'zonas de conforto', a verdade é que ontem os nossos adeptos foram desrespeitados. E foram desrespeitados porque pagaram um bilhete para ver um jogo de futebol, acabando por ser tratados como cidadãos de segunda, para não utilizar o termo tratados como animais.
Foram destacados cinco funcionários para fazer a revista de entrada a mais de três mil adeptos, esses mesmos adeptos perderam grande parte da primeira parte de um jogo para o qual pagaram por inteiro, foi-lhes 'carinhosa e fraternamente' alocada uma gaiola sobrelotada que contribuiu para um visionamento menos correcto da partida e no final ainda temos o papagaio de serviço, o funcionário João Gabriel a encarnar o papel de virgem ofendida, assumindo as dores de toda uma mal amanhada nação encarnada? Poupem-nos a figuras menores e ridículas!
Nisto tudo, louve-se a atitude da nossa direcção, e sobretudo Paulo Pereira Cristovão. Estou particularmente à vontade para falar de Pereira Cristovão porque apoiei Bettencourt nas eleições onde ambos se defrontaram.
Mas a verdade tem que ser dita e reconhecida: o nosso actual vice-presidente - um dos pais da decisão dos corpos directivos ontem irem solidariamente para junto dos seus adeptos - tem somado pontos na defesa intransigente do clube, na aproximação do Sporting aos sócios, na valorização do papel destes dentro do clube e na exaltação do sentimento sportinguista, tão enfraquecido ele andava.
Ontem no fim do jogo, Pereira Cristovão soube escolher as palavras certas, colocar o dedo na ferida e assumir a defesa clara e inequívoca, quer dos interesses do Sporting Clube de Portugal, quer da sua massa adepta. Pelos vistos isso não agradou a uns senhores encarnados que estavam mais habituados a um conveniente rival fraquinho, apático, subserviente e demasiado 'bem educado'.
Quem semeia ventos colhe tempestades. Diz o povo e com razão.
A todos aqueles com selectivos problemas de memória relembro que as histórias mais negras ocorridas no futebol português tiveram sempre como protagonistas os adeptos da colectividade do bairro de Carnide.
Nem vale a pena voltar a falar de um
very-light mortal no Jamor, nem vale a pena voltar a falar da recusa em que as suas claques - compostas por um elevado número de marginais levados às barras dos tribunais - se legalizem, nem vale a pena falar em agressões selváticas a hoquistas de clubes rivais, nem vale a pena mencionar incendiamento de autocarros de adeptos adversários, nem vale a pena voltar a falar naquilo em que esse emblema é useiro e vezeiro: na provocação aos adeptos adversários, seja por problemas de rega, seja por problemas na iluminação do estádio, seja por atitudes racistas do seus atletas.
Por último, e porque uma imagem vale por mil palavras, deixo aqui uma foto 'pescada' no
facebook, visando relembrar uma situação verificada há pouco tempo no nosso estádio, nomeadamente no sector da claque do nosso adversário de ontem.
Informem-se antes de falarem ou de apelidarem os nossos adeptos de incendiários! É que lobos em pele de cordeiro já não enganam ninguém!
Nuno M Almeida