18 Meses Aterradores
Quero começar esta crónica pedindo desculpa pelo facto de não ter resistido ao período de silêncio sobre o Sporting. Existem situações que não consigo calar. Apesar de entrado nos "quarentas", contnuo a viver o nosso Clube com uma paixão que considero por vezes infantil e que me leva a pensar que existe ainda em mim um enfant terrible que me faz viver demasiado coisas que já não me deveriam surpreeender.
Sendo assim, interrompo o silêncio para vir falar daqueles que para mim são "só" os 18 meses mais trágicos dos 106 anos de História do Sporting Clube de Portugal.
Não quero resumir apenas isto ao nosso futebol. Começo no entanto por aí. Nestes 18 meses contratou-se um treinador a quem deram 19 jogadores novos para trabalhar, depois do tal cheque e vassoura prometido por esse proeminente "homem do futebol" chamado Luis Duque. O mesmo que passados poucos dias ameaçou bater com a porta e veio a apoiar, em contraciclo com os dirigentes, um outro candidato à FPF. Coisa pouca, para figura tão circense. Passados poucos meses, e na semana em que Domingos Paciência nos garantia o apuramento para a final da Taça de Portugal, onde derrotámos o Nacional, acabámos por despedir Domingos, um dia depois de Godinho Lopes ter assumido que isso nunca iria acontecer.
Passadas menos de 24 horas de Godinho, mas sobretudo Duque, ter empurrado com a barriga Domingos, foi contratado o tão agradável Sá Pinto, para muitas franjas de adeptos leoninos.O estado de graça deste, que como eu previa seria breve, foi interrompido no dia da final da Taça de Portugal, onde perdemos, mas que como estranho "prémio" lhe valeu a renovação por mais um ano a acrescer ao período que já tinha. Também este sem honra nem glória deu lugar momentâneo a Oceano.
Entretanto, e com Oceano a continuar o estado de coisas, eis que Godinho Lopes decide demitir Luis Duque e Carlos Freitas e chamar a si um "regime presidencialista". Chamou para o cargo de director do futebol um tal de Paulo Farinha Alves, que juro não sabia quem era. Após isso foi contratado o belg Franky Vercauteren, mais um ilustre desconhecido entregue aos bichos. Está lá há relativamente pouco tempo mas o bilhete de ida foi-lhe dado com a contratação de Jesualdo Ferreira para o pomposo nome de "manager", que afinal parece que não é bem assim... Enfim, siga o rol de nomes. A verdade é só uma. Das quatro competições em que entrámos, estamos, ainda antes do final do ano civil afastado de todas, sendo que no Campeonato estamos a 2 pntos da linha água. Pior era impensável. Nem com um discurso parecido com o do ministro da Informação do Iraque, Luis Godinho Lopes conforta alguém, nem mesmo os "carneirinhos" mais optimistas e seguidistas.
Não. Não votei em Godinho Lopes nem no seu saco de gatos de luxo. Estavam lá siameses, bosques da noruega, persas, rafeiros,etc... Desse saco já saltaram PPC - colocou o nome do Clube na pior das lamas e vamos a ver com que repercussões futuras - Luis Duque, Carlos Freitas e Carlos Barbosa, a sua entourage que lhe valeu a vitória, ou segundo a figura verdadeiramente patética de Eduardo Barroso, "apenas" o presidente da Mesa da Assembleia Geral, talvez não. Falou mesmo à boca cheia aquilo que se falava em surdina."Existiram graves irregularidades na noite eleitoral".
Enfim, é neste momento de tristeza e em que se discute a sobrevivência no escalão maior do nosso futebol - eu nem quero ouvir falar disso como hipótese académica - e mesmo financeira, mais uma vez com a crise chega o "papão" da banca, que eu faço um humilde pedido ao Presidente Godinho Lopes: Saia agora, não deixe que esta agonia se prolongue. Não queira que em Janeiro se realize uma AG que tem tudo para poder ser tumultuosa. Acredito que queira o melhor para o Sporting. Abandone, porque não sendo o único culpado, longe disso, acaba por ficar no retrato mais negro dos 17 anos do "roquettismo".
O Sporting precisa de mudar o paradigma. Deixei de ter medo de aventureiros. Tenho medo é do actual estado de coisas. Acredito que no universo numeroso de sportinguistas apareça gente idónea e com capacidade. Disto não quero... Estou angustiado!
Juvenal Carvalho