Escrevo este post invadido por um misto de sentimentos, por um lado invade-me uma alegria enorme e um grande frenesim porque já comecei a fazer os preparativos para mais uma final da Taça de Portugal no estádio do Jamor.
Por outro lado leio coisas nos jornais e ouço coisas nas televisões que me deixam profundamente triste e angustiado, porque julgava que se estava definitivamente a reescrever uma nova era no futebol português, mas ao ouvir certas pessoas nesta ultima semana fiquei com a nítida sensação que nada vai mudar, que tudo vai passar impune e que meia dúzia de bons samaritanos andam a lutar contra moinhos de vento qual Dom Quixote de La Mancha.
A Taça de Portugal sempre foi para mim a festa suprema do futebol português; pois é realmente a verdadeira essência do futebol, onde se juntam as famílias e grupos de amigos vindos de todo o Portugal continental e Ilhas.
Existem adeptos que vêm do estrangeiro de propósito para ver o seu clube jogar e fazer a festa no Jamor.
Eu já tive o privilégio de assistir a varias finais e é impressionante o convívio que se estabelece entre pessoas totalmente desconhecidas. Realmente o futebol no seu estado mais puro foi, é e será sempre um fenómeno agregador.
Este é com certeza um fenómeno sociológico que mereceria um estudo aprofundado.
Desculpem esta derivação, mas como ia dizendo, assisti a várias finais e houveram duas que me marcaram profundamente. Uma final contra o Leixões em que saímos vitoriosos e outra contra o eterno rival em que perdemos.
Contra o Leixões erguemos a Taça jogando com o clube de menor nomeada, mas que se bateu do primeiro ao último minuto. O que mais me entusiasmou foi o convívio que se estabeleceu entre as massas adeptas, nunca tinha privado com gentes de Matosinhos e só posso dizer que foi simplesmente espectacular.
O meu agradecimento a uma das melhores massas adeptas do país.
A contrastar com esta enorme alegria e regozijo, tive um momento deveras doloroso contra o eterno rival.
No próximo domingo irá fazer precisamente 12 anos que teve lugar essa final trágica para o futebol português. Final em que um adepto do Sporting de nome
RUI MENDES foi assassinado com um very-light por um membro de uma claque benfiquista.
Esse delinquente foi condenado e preso, mas entretanto anda fugido á justiça.
Eu estava lá mas não me apercebi da gravidade do ocorrido. Ao sair do estádio a tristeza era grande pela derrota, mas ficou imensamente maior ao saber da trágica situação.
Os momentos seguintes foram de raiva, frustração e impotência perante tal barbárie.
Após esse impacto, tive algum discernimento e pensei como ser racional, que era o fim da linha como espectador de futebol nos estádios, mas esta paixão pelo
MEU SPORTING é mais forte e por vezes irracional.
Três breves notas sobre este assunto:
- Primeiro para Gilberto Madail, que tentou protelar ao máximo a compensação devida pela família do malogrado
RUI MENDES (
a vida humana não tem preço, portanto regatear o preço de uma vida é de uma crueldade atroz).
- Em segundo uma palavra de muito apreço para
Pedro Ferreira que nos despertou para esta data e que teve uma ideia que deve ser aplaudida por todos nós. Através do seu comentário que circula na blogosfera, pede que seja feita uma homenagem ao malogrado
RUI MENDES na pessoa da sua família, por parte da equipa e dirigentes do Sporting.
- Em terceiro uma palavra para a recém criada
Associação de Adeptos Sportinguistas que está a envidar todos os esforços junto do Sporting Clube de Portugal para que esta homenagem seja uma realidade.
Nesta ultima semana assistiu-se ao desfecho do
Apito Final e nas instâncias desportivas várias personalidades e clubes de futebol foram condenados. Parecia que algo estava a mudar no nosso futebol, eis senão quando algumas vozes se levantam contra o Presidente da Comissão Disciplinar da Liga, que disse somente isto: “
Os regulamentos são maus e insuficientes, porque se fossem bons e suficientes, certos dirigentes e certos clubes seriam severamente punidos”.
Quando se esperava uma defesa acérrima por parte do Presidente da Liga, este aparece no programa “ Grande Entrevista “ na RTP e profere esta tirada: “
Houve tentativas de corrupção e coacção e essas atitudes menos positivas foram devidamente julgadas e reprimidas, mas no final desses campeonatos a verdade desportiva acabava por imperar”.
Com franqueza senhor Hermínio Loureiro em que ficamos, é que não havia mesmo necessidade…
Para ajudar á festa vejo ex-dirigntes do meu clube; entre eles Dias da Cunha que outrora não tinham tido pejo em apontar a dedo os rostos do sistema, a não conseguirem agora condenar esses mesmos indivíduos em plena praça pública. Será que existem “vacas sagradas” no futebol português.
Espero que os actuais dirigentes do meu clube; dirigentes que pugnam pela verdade desportiva, emitam uma opinião sobre todo este processo. Que não se limitem a emitir opiniões de circunstância, mas opiniões de índole condenatório e de verdadeiro repudio por toda esta podridão.
Por fim a alegria de saber que
Marco Caneira quer rescindir com o Valência e que dá primazia ao Sporting. Seria muito bem-vindo de novo, porque todos os que sentem orgulhosamente o símbolo leonino estarão para sempre nos nossos corações.
Por outro lado sinto uma enorme tristeza por saber que
Liedson vai falhar esta final (vai ser operado hoje) e que provavelmente vai perder o início da próxima época.
Contudo tenho a certeza que não vai ser esta lesão que o vai afastar dos relvados e que na próxima época lá estará a dar-nos mais alegrias. As melhoras e um restabelecimento rápido.
“
TALVEZ A MINHA ALEGRIA SEJA SUPERADA PELA TRISTEZA, POIS OS SENHORES DO FUTEBOL ESTÃO A MATA-LO DIARIAMENTE “
Verde CDV